Você, Nobre Leitor, provavelmente já esbarrou com algum jogo e sentiu amor a primeira joga. Ou quem sabe, se encantou muito por um título e comprou todas as expansões e acessórios possíveis para ele. Mas, em algum momento você já se deparou com aquele jogo que se torna um Acontecimento? Pois eu já amigos, e ele tem nome e sobrenome. Então, aperte bem os cintos, pois hoje eu não falarei sobre um jogo, falarei sobre um marco, sobre algo especial. Hoje falaremos de Brass: Lancashire.

Estamos no século XVIII, a revolução industrial está a todo vapor na Inglaterra, o Condado Palatino de Lancaster, também conhecido como Lancashire emerge como uma região de forte indústria e comércio. A região que vivia da prática agropastoril tem suas terras tomadas por fábricas e moinhos, várias minas de carvão surgem e toda a cultura da região muda completamente. Os trabalhos antes artesanais, são substituídos pelas imensas máquinas que surgem a cada dia na Europa, trazendo a manufatura e os primeiros conceitos de linhas de produção são apresentados à sociedade. O mundo mudou, as formas de trabalho também mudaram e a sociedade também mudou como um todo.

Tendo parte disso em mente, e muito mais, uma vez que minha não-formação em história atrapalha um pouco a contextualização, somos apresentados a Brass Lancashire.

Brass Lancashire é a versão repaginada do Brass original. Foram feitos alguns ajustes, o jogo recebeu um tapa no visual, mas a ideia ainda é a mesma: empresários do ramo do algodão, disputando mercado e rotas comerciais na época da revolução industrial. Aqui, os jogadores se alternam para construir fábricas, rotas (marítimas na primeira era, e ferrovias na segunda), metalúrgicas e abrem minas de carvão, pois as fábricas não podem parar.

Brass Lancashire, assim como seus outros irmãos, possuem um baita do sistema econômico. Arrisco a dizer que é um dos melhores sistemas econômicos de um jogo para mim. Existem duas trilhas no mapa, uma de pontuação e outra de Income, onde a primeira é bem óbvia, e a segunda determina o quanto você receberá “do banco” na próxima rodada, e é aqui meus Nobres que parte da magia acontece. Em Brass é possível fazer empréstimo bancário, e a cada £10 emprestadas, o seu Income cai, podendo até ficar negativo e deixar os agiotas loucos para te darem uma porretada. Deixando a brincadeira de lado, essa mecânica é primordial para um bom andamento do jogo. No próprio manual, temos uma parte que fala “não tenha medo de fazer empréstimos” e, em determinados momentos, você é obrigado a fazer ou vai levar o bom e velho block. Planejar a hora certa de construir uma rota ou uma fábrica, contar suas moedas e esperar que seu oponente não pegue a cidade que está no seus planos, estarão em sua mente durante todo o jogo.

Uma outra coisa sensacional que o mestre Martin Wallace trouxe, foi o mercado de carvão e ferro. Existe um mercado para comprar esses bens caso suas fábricas estejam vazias, ou vender caso haja demanda de mercado. Aqui tem a outra parte da magia que falei, pois é possível fazer combos incríveis aqui. 

Voltando ao contexto histórico, na época onde Brass é situado, havia um imenso fluxo de carvão por toda a Europa, por isso, era necessário atravessar cidades países através dos canais para transportar tamanha quantidade. Enquanto outros produtos, como metal, eram transportados por carroças, pois a demanda era bem pequena. Esse detalhe também está presente no jogo. Para saber mais, confira a página 8 do manual do jogo.

Ainda sobre o jogo em si, a cada rodada, os jogadores poderão fazer duas de cinco ações possíveis. Para cada ação escolhida, deve-se descartar uma de suas cartas na mão, sendo permitido repetir a mesma ação duas vezes, sendo elas:

  • Construir: Tal como o nome diz, você constrói uma de duas Indústrias no tabuleiro. Para isso, você descarta uma carta correspondente ao local ou tipo de construção e aloca o tile no seu local escolhido.
  • Conectar: Expandir os canais ou ferrovias é algo extremamente necessário. Descarte uma carta qualquer, pague os custos e coloque seu marcador no local onde pretende conectar cidades, portos ou afins.
  • Desenvolver: Geralmente, os primeiros negócios não são tão lucrativos, para chegar nas construções de maior nível, você descarta uma carta e paga 1 ou 2 ferros e pode remover do seu tabuleiro do jogador 1 ou 2 marcadores de construção, alcançando marcos maiores.
  • Vender: É impossível ser o maior empresário da Inglaterra sem ganhar grana? Creio que não! Por isso, é importante vender suas mercadorias. Para fazer isso, vire suas fábricas de algodão para vender para o mercado exterior ou para algum porto.
  • Empréstimo: Nem sempre as coisas saem como planejado certo? Às vezes falta uns trocados para uma rota ou uma mina. Por isso, é possível fazer um empréstimo de £10 a £30. Conforme explicado anteriormente.

Ao final da primeira era, os jogadores contabilizam seus pontos e removem do tabuleiro TODAS as construções de nível um do tabuleiro. Depois, preparam-se para a segunda e última era.

Quando foi lançado, Brass era um jogo exclusivo de 3 a 4 jogadores, porém a comunidade se empenhou e criou a famosa variante para dois jogadores. O criador do jogo aprovou e as versões para dois jogadores viraram oficiais. Tanto que no Lancashire, há duas formas de jogar em 2, uma com mapa exclusivo para tal e alguns outros ajustes, e a outra com o mapa original, porém removendo algumas cartas.

Eu adorei Brass, e joguei tanto o Lancashire, quanto o Birmingham, e é impossível não se apaixonar por esse jogos. Não só por ser mineiro e amar um trem, mas também por toda a trama do jogo. Brass é um daqueles jogos em que é possível ver a história, a qual foi baseada, se desenrolar a cada jogada. Deixando um gostinho de quero mais a cada carta baixada.

Meus Nobres, esse foi uma breve sei lá, carta de amor, a respeito desse jogo que me arrebatou. Se eu tivesse jogado antes do CorujaCast #20, Brass estaria no top 10 sem sombra de dúvidas. E eu quero saber ai quem jogou e o que achou desse jogo.

Deixa aí nos comentários. Eu fico por aqui, um abraço e até a próxima.

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