Existe uma máxima que diz que grandes perfumes sempre vêm em pequenos frascos. No mundo dos BGs nem sempre isso é verdade. É bem verdade que jogos grandiosos com super produções me atraem, acho magnífico o jeito que Twilight Imperium evoluiu nos 20 anos de carreira que ele tem, me interesso por títulos incríveis que a escola portuguesa produz (provavelmente minha escola favorita de jogos de tabuleiro) mas, vez ou outra, alguns jogos fora do radar roubam meu coração com sua elegância e simplicidade.
Recentemente descobri uma pérola, um grande perfume num pequeno frasco. London de Martin Wallace chegou de mansinho despercebido na grande onda do MainStream e ganhou espaço na minha estante. Martin é famoso por seus jogos econômicos (é um mestre nessa arte) e aqui não é diferente. London é um jogo econômico de cartas com gestão de mão e engine building para 2 a 4 jogadores. Originalmente lançado em 2010, London teve uma nova versão bem charmosa lançada em 2017, nele cada jogador é um investidor em Londres que vai reconstruir a cidade após o grande incêndio de 1666, o jogo retrata 250 anos a partir desse período. London vem com uma série de cartas que são prédios públicos, bancos, praças, monumentos tudo que uma grande cidade precisa. Os jogadores vão construindo essas edificações em sua área de jogo a fim de receber benefícios como pontos de prestígio e dinheiro. Funciona como um engine build tradicional: cada jogador desce a carta, paga seus custos e ela gera um benefício para seu dono. As duas grandes sacadas do jogo estão em como ativar as cartas e no ônus que sua ativação causa.
Uma carta não é ativada imediatamente após ser colocada em jogo, existe uma ação que permite ao jogador ativar todas as cartas em sua área de uma vez, e é aí que o jogo começa a brilhar. Para cada coluna de cartas presente em sua área de jogo, o jogador recebe um marcador de pobreza (para que algumas pessoas fiquem ricas, outras tem que ficar pobres) isso significa que quanto mais cartas um jogador jogar, mais ações ele fará de uma vez, porém mais pobreza será gerada. Pobreza gera pontos negativos ao fim da partida, o que faz com que o jogador sempre esteja calculando muito bem o custo/benefício do uso das cartas. Embora sua caixa e tabuleiro sejam praticamente ausentes de arte, a arte das cartas do jogo (pelo menos na versão nova) é muito bem ilustrada e é possível ver por meio das cartas as eras passando em Londres.
O jogo termina quando o baralho de compras se esgotar e o jogador com mais prestígio no fim é o grande vencedor. London é daqueles jogos que se gasta mais tempo pensando na jogada do que ensinando as regras do jogo e isso é uma característica que enche os meus olhos em jogos de tabuleiro.
Conhece London? Conhece algum outro jogo de Martin Wallace para nos indicar? Algum outro econômico legal? Deixe ai nos comentários!
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